Doença Gordurosa do Fígado (ou Esteatose Hepática) Não Alcoólica
- Lucas Gatelli
- 1 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de set. de 2024

O que é a esteatose hepática não alcoólica (EHNA)?
A esteatose hepática não alcoólica (EHNA) é a gordura detectada no fígado por exames de imagem em pessoas que consomem pouco ou nenhum álcool, estando relacionada à obesidade, ao aumento da circunferência abdominal, a níveis elevados de gordura e açúcar no sangue, e à hipertensão. Todas essas condições constituem o que se chama de 'síndrome metabólica'.
A EHNA é, atualmente, uma condição de saúde que cresce vertiginosamente, afetando até ¼ da população global, formando uma curva ascendente de casos relacionada intrinsecamente com o aumento massivo de portadores de obesidade e sobrepeso.
Quais os sintomas relacionados à EHNA?
Na fase inicial, a doença, na maior parte dos casos, é praticamente assintomática, só vindo a ser diagnosticada, geralmente, através de exames realizados com outra finalidade.
Em quadros mais avançados, no entanto, alguns sintomas, apesar de pouco específicos, podem surgir, como a fadiga física, o desconforto, uma dor no abdômen superior direito, a perda de apetite e a perda de peso inexplicável.
Como é feito o diagnóstico e a estratificação de risco para os portadores dessa doença?
Após uma avaliação clínica criteriosa e exame ecográfico abdominal, que estabeleçam um diagnóstico do caso, mostra-se imprescindível a realização de exames laboratoriais correlacionados, a bem de se identificar o risco de evolução para um quadro de esteato-hepatite (uma condição inflamatória secundária ao acúmulo de gordura) ou verificar a existência de outros fatores agressores, que poderiam afetar a estrutura hepática e levar à substituição do tecido sadio por fibrose.
A elastografia hepática, seja ela por ultrassom ou por ressonância magnética, é um exame rápido e não invasivo, que tem um papel fundamental nos casos de esteatose hepática avançada, uma vez que apresenta potencial em predizer o grau de dureza do fígado e, consequentemente, o volume de fibrose e o risco de desenvolvimento de cirrose hepática. Em razão de tal exame, a biópsia hepática é, hoje, cada vez menos utilizada.
Qual o risco associado a EHNA?
O maior risco associado à EHNA é a evolução para cirrose hepática, e, consequentemente, para o desenvolvimento de tumores hepáticos. Presume-se que, no futuro, essa será a principal causa de transplante hepático. Como, no entanto, a doença possui diversos espectros de apresentação, é difícil realizar uma predição acurada sobre essa evolução desfavorável.
Os pacientes com esteatose leve tendem a melhorar seus parâmetros com simples mudanças no estilo de vida. Os pacientes que já possuem algum grau de inflamação hepática e elevação de enzimas hepáticas, que consomem álcool regularmente e que apresentam comorbidades associadas, como a obesidade e a diabetes, estando com idade superior a 50 anos, têm, ao contrário, um risco elevado de evolução à fibrose.
O que se deve fazer para evitar tal evolução? Há algum fármaco capaz de barrá-la?
Atualmente, não há medicamentos padronizados aprovados para o tratamento da EHNA. Há, no entanto, algumas medidas, que, se adotadas por seus portadores, têm grandes chances de evitar a progressão da doença, quais sejam:
1. Mudança no estilo de vida, através de:
a. Perda e controle do peso, o que é recomenável para todos os portadores da doença que estejam acima do peso ou obesos, já que essa medida pode levar à melhora laboratorial dos exames do fígado, à histologia do fígado, à diminuição da resistência insulínica e à melhora na qualidade de vida;
b. Dieta saudável e balanceada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, carnes magras e, se possível, com acompanhamento de nutricionista;
c. Exercícios físicos regulares, que, sem dúvida, ajudam a controlar o peso, com uma meta de perda de 5-7% do peso corporal para os portadores de esteatose hepática e de uma perda de 7-10% para os portadores de esteato-hepatite;
2. Controle de condições associadas, através do gerenciamento adequado dos níveis de açúcar e colesterol no sangue;
3. Monitoramento médico regular, através de:
a. Acompanhamento do resultado de exames realizados periodicamente pelo portador do quadro, com vistas a verificar eventual progressão da doença;
b. Estipulação de metas a seguir pelo paciente nos primeiros 6 meses, com o aconselhamento, se necessário, da realização de cirurgia bariátrica;
c. Indicação, para alguns pacientes específicos, a depender do grau de inflamação do fígado e associação com diabetes, de medicações, como a vitamina E, a 'pioglitazona' e os análogos de GLP-1 ('liraglutida' e 'semaglutida').
Importante: se, depois da realização de uma ultrassonografia abdominal, o laudo recebido apresentar esse quadro, não hesite em marcar uma consulta comigo, pois terei o maior prazer e interesse em solver todas as suas dúvidas e em apontar o melhor caminho clínico a seguir.
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